quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Tinta

A ferrugem habita em meus dedos, titubeantes, incertos.
As gavetas da memória se fecharam, arquivos sem nexo.
Brinco de novo com as palavras, escondendo as crises de um jovem adulto.
Aqueço meu coração, escrevendo na esperança de um alívio,  estúpido.
Conquistei tanto, fui mais longe do que imaginaria.
Porquê diabos o vazio me aflige de noite e não de dia?
Busquei e encontrei em mim mesmo alento.
Afinal, não preciso de dedos ou de memória...
A tinta que escrevo é o sentimento.

Faz tanto tempo

Lembro de mim tão distante.
Quando perdi a mim mesmo?
Encontrei-me em ofícios, rotinas e lençóis.
Perdi-me os dentes de leite.
Para qualquer um faz parte da vida.
Para mim, que nunca quis crescer, é uma pressa sem fim.
Buscando sempre o menino perdido, antes do fim.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Fruto da noite

É à noite que os sentimentos batem em minha porta
Os mesmos que me fazem assistir o ponteiro do relógio adiar, ainda, novamente, por mais um instante, meu sono traiçoeiro

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Largada

Coisa curiosa é o começo
Quando sintonizados, começamos juntos
Quando não, começo atrasado, adiantado
Coisa boa é o começo
Frescor, amor, pouco pudor
Saia daí e venha, sai daí e vem! 

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Nos perdemos

Falávamos que iríamos nos casar
Dávamos nomes aos filhos
Discutíamos a educação deles
Discordávamos como se o futuro fosse amanhã
Corríamos um pra cama do outro
Ansiedade morta em pressa
Intimidade dividida ao extremo
Conhecíamos cada traço, cada detalhe
Só esquecemos que o tudo pra dar certo tem tudo pra dar errado

domingo, 20 de outubro de 2013

Cacos

Cada vez que vai leva um pedaço
Deixa um buraco
Não me acalma e não me põe pra dormir
Me deixa ali
Inquieto, incompleto, inconsolado
Sou cacos colados
Esperando o nascer do sol
Para dizer para o novo dia que tudo passa, passará.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Perdido

E chega um momento em que a gente espera que a vida se encarregue de nos dar um rumo.