quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Tinta

A ferrugem habita em meus dedos, titubeantes, incertos.
As gavetas da memória se fecharam, arquivos sem nexo.
Brinco de novo com as palavras, escondendo as crises de um jovem adulto.
Aqueço meu coração, escrevendo na esperança de um alívio,  estúpido.
Conquistei tanto, fui mais longe do que imaginaria.
Porquê diabos o vazio me aflige de noite e não de dia?
Busquei e encontrei em mim mesmo alento.
Afinal, não preciso de dedos ou de memória...
A tinta que escrevo é o sentimento.

Faz tanto tempo

Lembro de mim tão distante.
Quando perdi a mim mesmo?
Encontrei-me em ofícios, rotinas e lençóis.
Perdi-me os dentes de leite.
Para qualquer um faz parte da vida.
Para mim, que nunca quis crescer, é uma pressa sem fim.
Buscando sempre o menino perdido, antes do fim.