sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Eu rio

Gargalhada suja. Sorrir, o velho e espontâneo vinco no rosto.
Os traços falam por ti. Fundos e curvos te retratam com prazer, o prazer de quem deixa transparecer o momento.
Os risos que reboam são amontoados de risos absorvidos. A intensidade manifesta em som.
A respiração pontua, por hora falta, mas sempre alimenta o sangue que te faz corar.
Os olhos se contraem sem muito esforço, os músculos relaxam sem muita sincronia. Alguns contraem. O corpo por vezes se inclina.
Os motivos? São diversos. Simples ou complexos. Ri-se de nervosismo, ri-se para não chorar, ri-se de coisas tão simples, assim como chora-se de alegria.
Me pergunto às vezes, se as rugas dos idosos são de rir ou de chorar.

Revoltante prepotência

Pra quê viver? Esta pergunta não me cabe.
Cabe Àquele que me fez... que me brinca, que me ilude, que me mantém ignorante e que me é.
Eu me fiz num constante processo de criador-criação. Ele sou eu e eu sou ele. Quando me conforta, jogo a culpa nele, quando lhe conforta, ele me agradece...por não levar a culpa sozinho.

Adolescente

Precisar de amor é ridículo
Precisar de aprovação
'Precisar' é ridículo
A gente tinha que se sentir completo
O tempo todo
Precisar de nada.

Nascer

"Estar morrendo" é tão bonito, não acha ?
Você se torna puro, essencial, admirável, nostálgico. Tudo isto quando você está morrendo, mesmo que não mereça.
Será que quando eu estiver morrendo haverão pessoas chorando nos cantos, com saudade dos meus tapas?
Será que vão me sorrir confortavelmente? Será que vão querer se sentar do meu lado e guardar a última imagem minha, fora de um caixão ?
Estranho. Tomara que não.
Não quero morrer puro, admirável, nostálgico, porquê tudo isso dá dó.
Quero morrer amargo, inconcebível, intratável. Quero morrer de uma vez, na pior das minhas crises e alguém pensará 'bem feito'.
Perfeita, a minha morte.